domingo , 28 abril 2024
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Ostomia atinge milhares de brasileiros e deve deixar de ser tabu

Mais de 400 mil pessoas no Brasil passaram pelo procedimento que cria abertura no abdômen e intestino para liberação de fezes por meio da bolsa de colostomia

Para pessoas com condições de saúde crônicas como câncer, doenças inflamatórias, traumatismos ou infecções que atingem o sistema digestivo, urinário ou respiratório, a estomia – ou ostomia – é uma oportunidade de melhora considerável da qualidade de vida. No entanto, a falta de conhecimento sobre o assunto ainda é obstáculo na busca por uma vida mais leve.

Segundo o Ministério da Saúde em 2022, mais de 400 mil pessoas são ostomizadas no Brasil, sejam ostomias temporárias ou permanentes. A ostomia é um procedimento cirúrgico permanente ou não que cria uma abertura no abdômen e intestino grosso, por exemplo, para a liberação de fezes por meio da bolsa de colostomia. 

Nesse cenário, já existe a adaptação da rotina do paciente, mas muitas vezes há também o desafio de lidar com a falta de acessibilidade e de conhecimento na sociedade. “Existem crenças de que a bolsa de colostomia possui um cheiro ruim. No entanto, se higienizada corretamente e estiver encaixada corretamente, isso não acontece”, explica Alexander de Sá Rolim, proctologista e cirurgião do aparelho digestivo especialista em doença inflamatória intestinal na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

A ostomia pode ser realizada em vários órgãos do corpo por diversos motivos e, para além da colostomia, existem a traqueostomia, a qual é feita na traquéia para possibilitar a respiração do indivíduo, nefrostomia – feita nos rins –, ileostomia – realizada no íleo –, ureterostomia – feita na ureter, gastrostomia – no estômago – e vesicostomia – na bexiga. 

Acessibilidade para pacientes ostomizados

De acordo com o especialista, especialmente quando se trata de uma ostomia permanente, o paciente pode apresentar dificuldades emocionais em se acostumar com a convivência com a bolsa, lidando com falta de autoconfiança e até mesmo vergonha. “Nesse momento, o papel do médico e da enfermeira especializada em ostomia é fundamental para essa adaptação e acolhimento do paciente, ressaltando que a ostomia é benéfica para a qualidade de vida”, comenta ele.

Outro fator importante é reconhecer que os pacientes ostomizados são tidos como pessoas com deficiência e, para uma melhor qualidade de vida perante a sociedade, precisam de adaptações em banheiros, por exemplo.

“O paciente ostomizado com uma colostomia ou ileostomia precisa higienizar a bolsa removível algumas vezes ao dia, além de não ter o controle do momento em que irá ocorrer a saída das fezes. Logo, banheiros adaptados são imprescindíveis para garantir uma qualidade de vida e até mesmo liberdade para frequentar os lugares que desejar sem a preocupação de voltar para casa quando precisar realizar a higienização”, comenta o proctologista. 

Segundo o Guia de Atenção à Saúde da Pessoa com Estomia, do Ministério da Saúde, os pacientes ostomizados descobrem ao longo do tempo o que precisará ser readequado para viver uma vida saudável com a condição. Além disso, também reforça que a reabilitação e a integração social são aspectos definidores para uma melhor qualidade de vida.

“A aceitação é essencial para o bem-estar do paciente, mas pode ser desafiadora em alguns momento em uma sociedade que está dando os primeiros passos no conhecimento e compreensão do que é a ostomia, buscando desmistificar preconceitos relacionados à essa deficiência invisível”, finaliza Alexander de Sá Rolim.

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