Criado para incentivar mulheres nas favelas o ‘Boca Rosa Academy’ já está ocorrendo nas capitais paulista e paraibana. Próximos destinos já estão em análise
Apesar de alguns avanços, o Brasil ainda tem muito a caminhar quando o assunto é apoio às mulheres como empreendedoras. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de mulheres à frente de negócios chegou a 34% no Brasil em 2022: são mais de 10 milhões gerindo os próprios empreendimentos.
Os números são positivos, mas o empreendedorismo feminino ainda tem grandes desafios. Especialmente quando as mulheres estão em áreas de vulnerabilidade econômica e social. Pensando nisso, a Farmax – uma das maiores fabricantes de cosméticos, produtos de higiene pessoal e suplementação alimentar do país -, tornou-se uma das principais apoiadoras do ‘Boca Rosa Academy’, um curso gratuito criado pela influenciadora e empresária Bianca Andrade para incentivar o empreendedorismo feminino em favelas.
A inspiração para criar o projeto veio a partir de uma edição piloto, sob o nome de ‘Deu Match’, realizada entre janeiro e março deste ano no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, favela onde Bianca nasceu. O sucesso foi tanto que ela decidiu formatar e buscar apoiadores para replicar o modelo em diversas regiões do país.
PODER TRANSFORMADOR – O ‘Boca Rosa Academy’ consiste em seis encontros a partir dos quais são realizados acompanhamentos de um grupo de 50 mulheres empreendedoras durante um ano. Nesse período elas recebem aulas e orientações em áreas como gestão comercial, marketing digital e gestão financeira. A proposta é que elas acumulem mais conhecimento e assim aumentem os negócios.
Depois desse período os consultores ainda retornam para avaliar o que avançou, as dificuldades e também para dar mentorias específicas e individualizadas a cada empreendimento.
Em julho deste ano o projeto chegou a Heliópolis, a maior favela de São Paulo. Na sequência, em novembro, os trabalhos também tiveram início em João Pessoa (PB). Agora, outros destinos já estão em análise e a iniciativa vai avançar no país. Para se ter ideia da demanda, só em Heliópolis foram quase 500 inscrições.
No caso da Paraíba, foram priorizadas mulheres que moram e atuam em periferias, comunidades tradicionais quilombolas, ribeirinhas e indígenas, além da população LGBTQIAPN+, mulheres negras e pessoas com deficiência, com idades entre 18 e 70 anos. A empreendedora Núbia Gouveia, de 38 anos, soube da edição mais recente na Central Única das Favelas (CUFA) de João Pessoa (PB). Ela trabalha no ramo de confeitaria há dez anos. Metade desse tempo de maneira informal e há cinco anos formalizou a ‘Núbia Gouveia Confeitaria’, no Colinas do Sul, uma região periférica da capital paraibana.
Mãe de três filhos, de 18, 13 e 12 anos, Núbia lembra que as múltiplas jornadas de uma mulher são sempre um desafio à parte. Por isso, a principal expectativa dela em relação ao curso são orientações e aprendizados de gestão.
“Tanto gestão de tempo quanto financeira são os principais desafios que enfrento hoje na condução do meu negócio. Preciso muito de orientações nessas áreas e os primeiros encontros já foram transformadores. Fiquei muito animada. No primeiro dia já saí cheia de ideias. Além das informações técnicas, a troca entre as participantes é muito rica”, comemora Núbia.
FUNÇÃO SOCIAL – A diretora de Gente e Gestão da Farmax, Renata Horta, defende que o apoio ao ‘Boca Rosa Academy’ cumpre o papel de estimular o desenvolvimento social em uma frente que o Brasil precisa avançar de forma imediata.
“A Farmax é uma empresa que pensa o cuidado de todas as pessoas, mas especialmente o das mulheres. Foi por isso que identificamos uma enorme convergência com essa iniciativa. Nós entendemos que apoiar o empreendedorismo feminino é urgente. É fundamental gerar oportunidades para que mulheres em áreas mais vulneráveis alcancem a tão sonhada independência financeira”, afirma Renata.