Em momentos de incerteza como o atual, um dos efeitos colaterais é a redução do capital disponível no mercado. Isso acontece por uma série de razões, dentre elas a dificuldade dos agentes financeiros em projetar cenários futuros e precificar corretamente o dinheiro no tempo, e da busca por ativos mais conservadores por parte dos investidores – o famoso flight-to-quality.
O impacto dessa escassez, somado a imprevisibilidade das receitas, afeta as entradas financeiras e por consequência o caixa, indicador crítico que garante a operação das organizações. Neste contexto, em tempos de crise, faça a gestão de forma precisa do caixa: tome ações rápidas, embasadas por análises e que permita a empresa passar pelo momento de turbulência com menor stress. Para isso, recomenda-se:
⇒ Realize um diagnóstico do seu nível de liquidez, entenda:
- Quantos dias ou meses seu caixa atual sustenta a operação como ela funciona hoje?
- Qual o impacto da crise em suas receitas e faturamento?
- Qual patamar de custos e gastos serão necessários para manter a empresa funcionando? Como estão os níveis de estoques?
- Quais projetos estão em curso e quais são fundamentalmente necessários?
- Qual o nível de alavancagem? Qual o cronograma da sua dívida?
⇒ Combinações distintas das análises levarão a diferentes abordagens, mas algumas recomendações são comuns e podem ser aplicadas a maioria das empresas, são elas:
I. Fidelize suas receitas:
Seja proativo no contato com seus principais clientes e demonstre empatia. Seja flexível em relação a questões associadas a níveis de serviço e/ou comerciais e invista no relacionamento. Busque a melhor saída para os dois lados. As crises são temporárias, mas a relação entre as partes permanece.
II. Adeque seus gastos (custos e despesas):
Em relação aos recursos humanos, flexibilize turnos de trabalho, elimine horas extras, adote férias temporárias e em situações drásticas, considere o fechamento de operações e/ou lay-offs. Em relação aos contratos, convoque seus principais fornecedores e negocie condições melhores, busque descontos temporários e renegocie prazos. Suspenda contratos com baixo impacto na operação e adote política de tolerância zero para as despesas gerais e administrativas.
III. Priorize os projetos (CAPEX ou OPEX):
Relacione todos os projetos previstos para o ano e repriorize os investimentos.
IV. Revise seu grau de alavancagem (exposição à dívidas):
Identifique seu nível de endividamento e os calendários de pagamento. Em caso de empresas com baixa alavancagem e acesso a crédito barato, considere a realização e novas dívidas: fortaleça seu caixa. Nos casos de maior exposição, renegocie com os bancos e credores. Qualquer redução nas taxas ou alongamento dos fluxos de pagamento será crítico.
V. Implemente um comitê de crise:
Defina um time fixo e implemente gestão diária dos resultados. Em contextos instáveis os cenários mudam com frequência e ter um time dedicado para avaliar as movimentações do caixa, execução das ações e modelar novos cenários é fundamental para execução de um plano bem-sucedido.
Importante reforçar que além de preservar o caixa, todas estas medidas ajudam as organizações a enfrentarem o período de crise de forma mais suave e vão colaborar para a aceleração da retomada.