quinta-feira , 16 maio 2024
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ANS avalia incorporação de novo medicamento para Leucemia Mieloide Crônica em adultos que não responderam ao tratamento padrão

Doença é o décimo tipo de câncer mais frequente no Brasil, e acomete principalmente homens idosos

Está aberta a consulta pública referente à incorporação de Bosulif (bosutinibe monoidratado) na lista de medicamentos de cobertura obrigatória dos planos de saúde1. O tratamento é indicado para pacientes adultos diagnosticados com leucemia mieloide crônica (LMC) e oferece nova opção de controle da doença para aqueles indivíduos que não responderam ou toleraram a primeira linha de tratamento2. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 11.540 novos casos de leucemia por ano no triênio 2023-20253. Destes, cerca de 15% a 20% dos casos correspondem à LCM4.

Conduzido pela Agência Nacional de Saúde (ANS), o processo de incorporação utiliza a consulta pública como ferramenta de participação social, coletando opiniões, experiências, vivências clínicas e informações técnico-científicas ligadas ao uso do medicamento5, 6. A recomendação preliminar da ANS foi negativa à inclusão de Bosulif entre os medicamentos dispensados gratuitamente na rede privada, decisão que poderá ser confirmada ou revertida após conclusão do processo. Qualquer pessoa pode enviar sua opinião até 23 de abril por meio do site da ANS.

A leucemia mieloide crônica é um subtipo de leucemia causado por uma mutação genética nas células sanguíneas da medula óssea4,7. Elas são responsáveis pela produção dos agentes de defesa do organismo, os glóbulos brancos4, 7. Estudos indicam que o indivíduo não nasce com mutação genética, mas por algum motivo, ela acontece, provocando a multiplicação de glóbulos brancos anormais4. Entre os possíveis fatores que levam à mutação estão o gênero e a idade (uma vez que a doença é mais frequentes em homens idosos), e a exposição à radiação4.

“A LMC é um tipo de câncer que se desenvolve de forma lenta e progressiva, o que faz com que o paciente seja assintomático no estágio inicial4. Conforme ela avança, sintomas como fraqueza, fadiga, suor excessivo, febre, dor nos ossos e perda de peso começam a surgir4. Em estágios avançados, a LMC pode causar sangramentos, palidez constante, febre alta, aumento do baço e anemia4”, explica Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil. “Por serem sintomas comuns em outras doenças, é importante que idosos, principalmente os homens, consultem o médico e realizem exames regularmente, como o hemograma completo, um exame de sangue simples, capaz de detectar alterações na contagem de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas4. Dessa forma, é possível prosseguir com a investigação e ter o diagnóstico o quanto antes”, completa.

As células anormais produzidas em decorrência da LMC passam a substituir as células sanguíneas saudáveis e, por não funcionarem de forma adequada, comprometem os mecanismos de defesa do corpo e, consequentemente, a capacidade de combater infecções4, 7. Em 2020, mais de 6.700 pessoas morreram em decorrência das leucemias, dentre elas, a LMC3.

Sobre o tratamento da leucemia mieloide crônica

O tratamento escolhido leva em consideração o estágio da doença, a idade, a condição de saúde geral4 e o perfil de comorbidades do paciente para garantir uma boa tolerância ao tratamento. Normalmente, o objetivo não é curar, mas sim manejar a LMC como uma doença crônica8, 9. É importante adaptar o tratamento conforme resposta do paciente, uma vez que um em cada três pacientes pode não responder ao medicamento, desenvolver resistência à droga ou até mesmo não tolerar a terapia8, 9. Atualmente, há quatro linhas disponíveis:

terapia-alvo, que utiliza medicamentos inibidores da tirosina quinase e é considerada o padrão ouro de tratamento da LCM. Essas drogas têm como alvo a proteína BCR-ABL do cromossomo Filadélfia, responsável pela mutação no DNA das células sanguíneas, muito comum em pacientes diagnosticados com LCM4.

transplante de células tronco, apesar de ser uma opção para pacientes com resistência aos medicamentos ou que está em fase acelerada da LMC, é bastante complexo, pois exige encontrar um doador de medula óssea compatível para realização do transplante alogênico – quando as células tronco vêm de um doador. O transplante de medula óssea autólogo, ou seja, quando são utilizadas células do próprio paciente, pode ser um caminho, mas não oferece a cura4.

O uso da quimioterapia e radioterapia também é observado em casos avançados, para aliviar sintomas como dor nos ossos e reduzir o tamanho do baço, ou como forma de preparo que antecede o transplante de células-tronco, uma vez que destroem as células anormais. Todavia, ambas as linhas podem trazer efeitos colaterais importantes4.

Sobre Bosulif (bosutinibe monoidratado)

Bosulif é uma terapia-alvo de administração oral uma vez ao dia. Seu uso é capaz de inibir a proteína BCR-ABL, originada a partir do cromossomo Filadélfia e responsável pela rápida reprodução das células doentes10, e as quinases ABL e SRC, interrompendo a sinalização nas células LMC que permite o seu crescimento, sobrevivência e multiplicação11, 12.

Referências

  1. Consulta Pública – CP nº 127 tem como objetivo receber contribuições para a revisão da lista de coberturas dos planos de saúde. Disponível em: Link. Acesso em abril de 2024.
  2. Bosulif® – Bula para pacientes. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  3. Estimativa | 2023. Incidência de Câncer no Brasil. Página 50. Instituto Nacional do Câncer – Ministério da Saúde. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  4. Leucemia Mieloide Crônica. Pfizer. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  5. Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas. Consultas públicas: qual a importância e como participar. Disponível em Link. Acesso em fevereiro de 2024
  6. Revista da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Participação em Consulta Pública tem grande importância para a Saúde. Disponível em Link. Acesso em fevereiro de 2024
  7. Leucemia. As topografias referentes às leucemias são C90-95. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  8. Steegman JL, Cervantes F, le Coutre P, Porkka K, Saglio G. Off-target effects of BCR-ABL1 inhibitors and their potential long-term implications in patients with chronic myeloid leukemia. Leuk Lymphoma. 2012; 53(12): 2351-2361.
  9. Cortes J, Kantarjian H. Resistance in chronic myeloid leukemia: still an issue? In: 2011 Educational Book. Alexandria, VA: American Society of Clinical Oncology; 2011:270-274.
  10. American Cancer Society. Chronic myeloid leukemia detailed guide. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  11. Bosulif® – Bula para profissionais de saúde. Disponível em: Link. Acesso em fevereiro de 2024.
  12. Remsing LL, Rix U, Colinge J. et al. Global target profile of the kinase inhibitor bosutinib in primary chronic myeloid leukemia cells. Leukemia. 2009; 23(3):477-485.

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