Por Marcelo Valadares*
Há séculos a ciência tenta desvendar o que acontece depois da morte. Estudos com pacientes que viveram experiências de quase morte vêm avançando na busca por um respaldo científico. Enquanto ainda vivenciamos esse grande mistério, pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, chegaram a um resultado curioso. Tais cientistas conseguiram reanimar tecidos e órgãos de animais, no caso porcos, mortos há mais de uma hora, que já não tinham atividade cerebral, cardíaca ou mesmo circulação sanguínea detectáveis.
A morte encefálica define a morte de fato e acontece quando há perda completa e irreversível da função cerebral. Com as funções corticais e do tronco cerebral inativas, ocorre a parada dos batimentos cardíacos e por conseguinte a morte do corpo. Neste estágio, constatam-se lesões que eram consideradas irreversíveis e comprometimento definitivo de funções vitais.
Diante desse complexo processo, fica mais fácil compreender por que uma pesquisa em fase inicial envolvendo animais é algo importante para a ciência e merece a nossa atenção. Ao injetarem uma solução nos porcos já considerados mortos, os cientistas de Yale trouxeram novamente atividade a células de diferentes órgãos, como coração, rins, fígado e cérebro.
Imaginem como esse resultado preliminar pode revolucionar os transplantes de órgãos no futuro? O prazo entre a retirada do órgão do doador e o implante no receptor varia, mas é limitado. Um coração, por exemplo, só pode ser transplantado até quatro horas após o óbito do doador. Estamos falando de uma árdua luta contra o relógio que pode ser driblada com o avanço da ciência. Além do tempo, a técnica consequentemente amplia o número de doadores possíveis, beneficiando mais vidas de pessoas que precisam de um transplante para continuar vivendo.
Trata-se de uma descoberta ainda prematura, que requer muitos anos de estudo para chegar a uma conclusão e recomendação prática e segura em humanos, mas é uma possibilidade que surge respaldada por cientistas de uma instituição séria. Uma tecnologia, que, segundo os pesquisadores, também poderá ser aplicada para prevenir danos graves provocados por um ataque cardíaco devastador ou após um Acidente Vascular Cerebral grave.
Apesar de parecer pauta de filme de ficção científica e ainda estar longe de ser aplicada em humanos, o que está em jogo é a reversão da morte. Sábio, Shakespeare já dizia “que há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia”. Será que a ciência tornará a morte reversível um dia?
Acredito que ainda teremos um longo caminho a percorrer, mas o estudo dos cientistas de Yale pode desvendar enigmas e trazer uma revolução no impasse entre a vida e a morte. Há séculos a ciência tenta desvendar o que acontece depois da morte. Estudos com pacientes que viveram experiências de quase morte vêm avançando na busca por um respaldo científico. Enquanto ainda vivenciamos esse grande mistério, pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, chegaram a um resultado curioso.
Tais cientistas conseguiram reanimar tecidos e órgãos de animais, no caso porcos, mortos há mais de uma hora, que já não tinham atividade cerebral, cardíaca ou mesmo circulação sanguínea detectáveis.
A morte encefálica define a morte de fato e acontece quando há perda completa e irreversível da função cerebral. Com as funções corticais e do tronco cerebral inativas, ocorre a parada dos batimentos cardíacos e por conseguinte a morte do corpo. Neste estágio, constatam-se lesões que eram consideradas irreversíveis e comprometimento definitivo de funções vitais.
Diante desse complexo processo, fica mais fácil compreender por que uma pesquisa em fase inicial envolvendo animais é algo importante para a ciência e merece a nossa atenção. Ao injetarem uma solução nos porcos já considerados mortos, os cientistas de Yale trouxeram novamente atividade a células de diferentes órgãos, como coração, rins, fígado e cérebro.
Imaginem como esse resultado preliminar pode revolucionar os transplantes de órgãos no futuro? O prazo entre a retirada do órgão do doador e o implante no receptor varia, mas é limitado. Um coração, por exemplo, só pode ser transplantado até quatro horas após o óbito do doador. Estamos falando de uma árdua luta contra o relógio que pode ser driblada com o avanço da ciência. Além do tempo, a técnica consequentemente amplia o número de doadores possíveis, beneficiando mais vidas de pessoas que precisam de um transplante para continuar vivendo.
Trata-se de uma descoberta ainda prematura, que requer muitos anos de estudo para chegar a uma conclusão e recomendação prática e segura em humanos, mas é uma possibilidade que surge respaldada por cientistas de uma instituição séria. Uma tecnologia, que, segundo os pesquisadores, também poderá ser aplicada para prevenir danos graves provocados por um ataque cardíaco devastador ou após um Acidente Vascular Cerebral grave.
Apesar de parecer pauta de filme de ficção científica e ainda estar longe de ser aplicada em humanos, o que está em jogo é a reversão da morte. Sábio, Shakespeare já dizia “que há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia”. Será que a ciência tornará a morte reversível um dia? Acredito que ainda teremos um longo caminho a percorrer, mas o estudo dos cientistas de Yale pode desvendar enigmas e trazer uma revolução no impasse entre a vida e a morte.
* Marcelo Valadares é neurocirurgião, médico da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Hospital Israelita Albert Einstein.