quinta-feira , 9 maio 2024
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36% das doses de vacinas contra gripe não foram aplicadas – por quê?

Baixa aplicação da vacina contra a gripe e outras doenças causa preocupação com a saúde pública

Apesar do bom índice de vacinação contra a covid-19 no Brasil, a imunização contra outras doenças, como a gripe, está com números abaixo do esperado.

Dados do Programa Nacional de Imunizações e disponibilizados pelo Ministério da Saúde apontam que, das 80 milhões de doses de vacinas de gripe disponibilizadas no sistema de saúde, pouco mais de 51 milhões foram aplicadas de fato.  

A meta da campanha iniciada em abril era vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários para vacinação contra influenza.

Com apenas 64% das doses aplicadas, especialistas temem um aumento da doença, com suas possíveis complicações, principalmente para os grupos prioritários, que apresentam maior risco.

Por que a vacinação está tão baixa?

O problema não atinge apenas a vacinação contra a gripe, mas também outras doenças. Relatórios do próprio Ministério da Saúde indicam que a cobertura vacinal contra outras doenças, como a poliomielite,  meningite e hepatite também está em declínio.

O Brasil sempre foi reconhecido como um país modelo em relação às campanhas de vacinação bem-sucedidas e até mesmo à erradicação de enfermidades. O sarampo havia sido eliminado de todo o território nacional em 2016, mas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a doença voltou, com muitos casos confirmados em 2019 e relatos de mortes.

Especialistas atribuem esse cenário a alguns motivos. O primeiro é a falta de investimento do Poder Público em campanhas de imunização. Dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação mostram que, em 2021, o Governo Federal cortou pela metade as verbas destinadas a propagandas de incentivo à vacinação infantil.

Outro ponto é a diminuição do fornecimento de alguns imunizantes, como vem acontecendo com a vacina BCG, que protege contra a tuberculose.

A existência de alguns grupos antivacina e disseminação de fake news, também contribuem para a diminuição na taxa de vacinação. 

Em 2019, antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia reconhecido que a hesitação vacinal é uma das 10 ameaças à saúde global, uma vez que a imunização salva até 3 milhões de vidas por ano.

Vacina contra a gripe

A vacina contra a gripe é importante porque é a forma mais segura e eficaz de se proteger contra a doença.

Isso se tornou ainda mais crucial em tempos de covid-19 e retorno da circulação de outros vírus, já que os sintomas podem ser parecidos e a vacinação pode ajudar na redução da  sobrecarga de hospitais públicos e particulares.

 Como a vacina funciona?

A vacina estimula a produção de anticorpos contra a proteína expressa pelo vírus da gripe (influenza). Quando o vírus entra no organismo, o sistema imunológico identifica sua presença e envia os anticorpos para neutralizá-los e prevenir infecções.

A eficácia do imunizante depende de alguns fatores, como a idade da pessoa e se as cepas da vacina são semelhantes às que circulam durante o ano. Segundo a  Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), quando há maior coincidência das cepas da vacina com as circulantes,  a proteção fica em torno de 70% e 80%, variando a depender dos fatores acima citados.

Periodicidade de aplicação 

A vacina contra gripe deve ser renovada todos os anos. O vírus influenza sofre mutações anualmente, o que altera sua estrutura e muda a prevalência das cepas mais circulantes. Assim, a vacina do ano anterior pode não atingir o  efeito desejado.

Quem deve se vacinar contra a gripe

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, a vacina está indicada para pessoas acima dos seis meses de vida, desde que não tenha contraindicação.

O Programa Nacional de Imunizações disponibiliza a vacina contra gripe trivalente, priorizando alguns grupos, considerados com maior risco para doença grave e morte. A campanha contra a gripe 2022 priorizou os seguintes grupos:

  • Idosos a partir de 60 anos
  • Profissionais de saúde
  • Crianças entre 6 meses e menores de 5 anos
  • Gestantes e puérperas
  • Pessoas com comorbidades
  • Pessoas com deficiências permanentes
  • Professores
  • Indígenas
  • Profissionais das forças de segurança, salvamento e forças armadas
  • Funcionários do sistema rodoviário
  • Funcionários do sistema prisional
  • Trabalhadores portuários
  • Detentos

A partir do segundo semestre, outras pessoas – adultos que não fazem parte dos públicos acima  podem se vacinar  pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede privada, é disponibilizada a vacina contra gripe quadrivalente, para maiores de seis meses.

Contraindicações

Como a vacina da gripe utiliza o vírus inativado, as contraindicações são mínimas. Apenas os casos de pessoas que possuem alergias graves, como a Anafilaxia, a algum componente da vacina ou a dose anterior. Quem estiver com sintomas de doenças febris, como covid-19 ou a própria gripe, devem ser imunizadas apenas após a recuperação completa.

Vacinação no sistema público e privado

Na rede pública de saúde, a vacina da gripe é a trivalente, ou seja, previne contra três cepas do vírus. Em 2022, a composição inclui o H1N1, o H3N2 Darwin e um subtipo de influenza B (Victoria).

Na rede privada, a vacina é a tetravalente ou quadrivalente e inclui as cepas já citadas e uma linhagem adicional da influenza B (Yamagata).

As duas versões têm ótima vigência de imunização. Se possível, é recomendado investir na vacina que oferece proteção extra, principalmente  para pessoas que se encaixam no grupo de risco ou que vivem com indivíduos que fazem parte desse público.

Aplicação de mais de uma vacina no mesmo dia

De modo geral, é possível tomar mais de uma vacina ao mesmo tempo, com poucas exceções. 

A maioria dos imunizantes são feitos com vírus inativados, o que explica a possibilidade da realização simultânea das vacinas.  Se um paciente quiser tomar a vacina da gripe e de pneumonia (Pneumocócica) ou covid-19 na mesma visita ao posto de saúde, por exemplo, está liberado. Na dúvida e a depender das vacinas a serem realizadas, é importante consultar um médico para saber se é possível tomar mais de uma vacina sem a necessidade de intervalos.

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