quarta-feira , 1 maio 2024
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Como as práticas sustentáveis transformam uma empresa e impactam o relacionamento com o mercado

Por Luis Fernando Guggenberger

Conduzir uma jornada de sustentabilidade em uma empresa depende do comprometimento de toda a organização. Não é apenas o executivo responsável e seu time direto, ou o CEO; os colaboradores devem entender a importância do tema e se unir na construção de um negócio sustentável. A partir do momento em que a decisão por este caminho for tomada, é preciso traçar metas claras, objetivos possíveis de serem alcançados e então partir para as ações práticas.

A sociedade está atenta a quem pratica social washing ou greenwashing, ou seja, aqueles que se aproveitam dos temas em seus discursos para ampliar a visibilidade, mas esquecem do principal: a prática. Em estudo da consultoria McKinsey nos Estados Unidos, mais de 60% dos entrevistados disseram que pagariam mais por um produto com embalagem sustentável. Em pesquisa recente da Nielsen IQ, 78% dos consumidores dos EUA disseram que um estilo de vida sustentável é importante para eles e, em outra, conduzida pela Nielsen Holdings, 66% afirmaram que preferem comprar produtos e serviços de empresas que tenham programas que contribuam com a sociedade.

A KPMG fez um estudo similar com mais de 30 mil entrevistados em 11 países, incluindo o Brasil, focado em sustentabilidade e no desdobramento do tema em relação ao consumo. Nos dados globais, 86% dos consumidores concordam que deve haver um compromisso coletivo para reduzir, reutilizar e reciclar o máximo possível de resíduos e 69% deles pagariam mais por produtos que estejam de acordo com os princípios da empresa.

É preciso estar atento às empresas que realmente se preocupam, investem com seriedade e entendem que os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são alavancas importantes para a transformação do mundo. Por isso, foi com satisfação que estive à frente deste processo na Vedacit. Quando cheguei na empresa observei que as primeiras portas para traçar esse caminho já estavam abertas. O Grupo Baumgart, do qual faz parte, expressa em sua missão a preocupação com inovação e sustentabilidade. A missão da própria Vedacit fala sobre a durabilidade das edificações e o bem-estar das pessoas. Os acionistas e a família Baumgart, que fundou a empresa, já demonstravam uma atenção especial ao tema. Na mesma época, em meados de 2015, 2016, mais uma virada de chave importante: a contratação de Tarcila Ursini, que considero uma das maiores autoridades em sustentabilidade do país, para fazer um diagnóstico sobre esse movimento em todas as empresas do Grupo. A recomendação foi então para que a Vedacit estruturasse a sua Jornada de Sustentabilidade, e que começássemos a trilhar esse caminho.

O primeiro passo foi a criação do Instituto Vedacit em 2017, braço de investimento social da companhia. Embora sempre tenha investido em causas sociais, foi preciso fazer uma estruturação que olhasse o investimento de maneira estratégica, construindo indicadores para mensurar o impacto, assim como a definição de uma causa – Cidades do Futuro, sob os pilares de cidades criativas, inteligentes e sustentáveis. Para somar a este processo foi apresentado o novo CEO, Marcos Bicudo, que tinha um pensamento totalmente alinhado e sabia o valor da sustentabilidade para a estratégia dos negócios. Com ele, esta jornada ganhou ainda mais força e em 2018 começamos a alçar voos mais altos.

Assumimos compromissos públicos e nos associamos com instituições importantes, como Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas), CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), Rede de Cooperação para o Plástico da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e afins. O objetivo era nos juntarmos a importantes discussões do setor empresarial e retroalimentar à organização buscando melhores práticas em nossas ações.

Também construímos a Matriz de Materialidade que define os temas materiais, metas e compromissos até o 2025 contando com o apoio da Fundação Espaço Eco. É um recurso importante para representar e hierarquizar os assuntos que a serem priorizados. No caso da Vedacit foram saúde, segurança do cliente final, do colaborador, diversidade e inclusão, produtos e serviços para população de baixa renda, gestão de resíduos, recursos naturais, uso de água, energia e as emissões de gases de efeito estufa. Com a definição, escolhemos os temas materiais prioritários e, em seguida, definimos as metas que posteriormente foram compartilhadas de maneira pública e transparente para a sociedade.

Com as prioridades definidas, voltamos a atenção ao modelo de gestão da sustentabilidade, com a criação de um comitê. Neste comitê cada executivo, de todas as áreas da empresa, apresentava os indicadores, inclusive o presidente. Para que as práticas realmente fossem incorporadas ao dia a dia, também fizemos um curso com as lideranças na Fundação Dom Cabral, no qual debatemos como tornar a sustentabilidade um pilar na estratégia de negócios, com uma atuação transversal a toda a companhia.

Para avaliar o progresso nas ações socioambientais e de governança optamos pela ferramenta de avaliação de impacto disponibilizada gratuitamente pelo Sistema B, organização que articula um movimento global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa para as pessoas e para o planeta.

Assim, periodicamente, fizemos o acompanhamento de nossa evolução nas práticas sustentáveis e, no início deste ano, recebemos a certificação como Empresa B, atestando que a Vedacit atende aos altos padrões de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade do Sistema B. É um reconhecimento de que a Jornada que estamos construindo está alinhada com a comunidade global. Como uma Empresa B na indústria da Construção Civil, a Vedacit alcançou uma posição de destaque entre as companhias que lideram um movimento por uma economia inclusiva, equitativa e regenerativa em um compromisso com a iniciativa e os Princípios do Pacto Global sobre direitos humanos, sociedade, trabalho e meio ambiente.

A intenção de integrar a comunidade de Empresas B é mais uma forma de manifestar o compromisso em gerar valor compartilhado para os stakeholders. A Vedacit tem metas até 2025 de conectar conceitos e práticas de sustentabilidade com os negócios, norteados pelo propósito da empresa. É um caminho a ser construído diariamente, com o aprimoramento constante dessas práticas. Este é apenas um passo de toda a jornada que iremos percorrer, para contribuir com a criação de um ecossistema mais viável para o mundo corporativo.

* Luís Fernando Guggenberger é executivo de Marketing, Inovação e Sustentabilidade da Vedacit, responsável pela coordenação das iniciativas de Inovação Aberta e Sustentável e pelo Instituto Vedacit. Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Guarulhos e pós-graduado em Comunicação Empresarial pela Faculdade Cásper Líbero. Sua experiência profissional é marcada pela passagem em fundações empresariais como Fundação Telefônica e Instituto Vivo, além de organizações sociais na cidade de São Paulo. Luis participa do Conselho Fiscal do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) e é mentor de startups de impacto socioambiental.

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