terça-feira , 30 abril 2024
Capa » Notícias » Por coronavírus, farmacêuticas buscam Anvisa para agilizar mudança de fornecedores

Por coronavírus, farmacêuticas buscam Anvisa para agilizar mudança de fornecedores

Epicentro da pandemia, China é a maior exportadora de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) e remédios ao Brasil.

Grupos da indústria farmacêutica no país têm se reunido com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir o impacto do novo coronavírus na importação de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) e medicamentos. Entre as medidas, pedem ações que permitam mais agilidade no processo de mudança de fornecedores, se necessário, e prevenir um eventual desabastecimento.,

China, epicentro da pandemia, é uma das maiores fabricantes e exportadoras de insumos para as farmacêuticas no Brasil, mas interrompeu remessas com a crise. Índia e Itália também são opções consideradas como alternativa, pois têm alta produção de insumos para exportação, mas também enfrentam desafios com o novo coronavírus.

Grupo FarmaBrasil, que responde por 30% da indústria farmacêutica no país e reúne nomes como Aché, EMS e Eurofarma, terá uma nova rodada de conversas com a Anvisa nesta quinta-feira. A ProGenéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos) se reunirá com a agência na tarde desta quarta.

Embora o cenário ainda não seja de falta de insumos e medicamentos, o encontro visa a discutir medidas de precaução em caso de piora dos impactos econômicos já sentidos em outros setores, como eletrônicos, aviação e automóveis.

“Estamos discutindo com a Anvisa que, caso a coisa complique, pode ser que tenhamos que mudar de fornecedores de IFAs para continuar produzindo e, para fazer isso de forma mais rápida, precisamos de medidas facilitadoras da mudança de fornecedor. Isso não significa perder qualidade, mas sim considerar ajustes em uma situação de emergênci”, diz Reginaldo Arcuri, presidente executivo do grupo FarmaBrasil.

Segundo ele, o prazo regulamentar para aprovação de mudança de fornecedores pode ser de um a dois anos, em um processo complexo:

“Não temos um prazo definido a se reduzir, até porque não pode haver queda de qualidade e a régua regulatória é importante, mas temos discutido formas de agilizar esse processo, se necessário, e também sobre como alocar pessoal para isso. O número de funcionários na Anvisa tem reduzido muito. Estamos discutindo como fazer”.

Entre os temas abordados, por exemplo, está a aceleração da análise de documentos. Uma situação contemplada seria, por exemplo, que a apresentação e análise de documentos aconteça concomitantemente à avaliação de aprovação do novo fornecedor.

A Progenéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos) informa que os fabricantes de genéricos estão com estoques de medicamentos em níveis adequados até o final do segundo trimestre. Disse ainda, em nota, “que não há risco iminente de desabastecimento por conta da pandemia de coronavírus”.

A entidade também tem mantido conversas com a Anvisa, acrescenta o texto enviado por meio de sua assessoria de imprensa, “com o objetivo de criar mecanismos regulatórios preventivos de pós-registro, que permitam aos fabricantes fazer a substituição célere de insumos farmacêuticos para garantir a produção local de medicamentos, com a qualidade e eficácia prevista na legislação”.

China pode retomar produção

Com o avanço da pandemia, a China reduziu drasticamente produção e remessa de insumos farmacêuticos e medicamentos. Recentemente, com a queda dos novos casos no país, produtores avisaram que podem começar a retomar a produção.

“É algo a ver “, diz Arcuri, que afirma que os estoques hoje disponíveis de produtos prontos e IFAs da FarmaBrasil dão conta de 60 a 120 dias, em geral, da produção local. “Mas há riscos. Mesmo que a China volte a produzir, precisamos ver como ficam as cadeias logísticas. Parte disso depende de avião, eventualmente de navio. Não que transportar o IFA em si seja complicado. Mas teremos de ver o que vai acontecer com o sistema de transportes em geral no mundo”.

Uma alternativa considerada de alteração de fornecedor é a Índia, mas o importante, afirma, é que se normalize o principal produtor, que é a China. A Itália também é um grande produtor, diz Arcuri, mas o país também enfrenta momento delicado com o novo coronavírus. Opções de mudança de fornecedor estão em análise.

“A Índia também produz IFAs, mas boa parte dessa fabricação depende de intermediários de síntese, que são feitos na China. Por isso a China continua sendo a questão central”, afirma o presidente executivo do grupo FarmaBrasil.

Arcuri faz uma ressalva, porém, de que não há crise que justifique corrida às farmácias:

“Não há risco iminente de abastecimento, nem necessidade de correria às farmácias, como aconteceu com as máscaras, porque aí mesmo que vai faltar (medicamento). Mas, como setor, precisamos estar atentos a isso, sem pânico, como medida de cautela”, afirma.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), que reúne representantes do setor, diz que está acompanhando a situação para evitar problemas de desabastecimento. “Eventuais relatos de falta de matérias-primas ainda são pontuais e não configuram, por enquanto, nenhum problema de abastecimento no setor farmacêutico”, informa o sindicato, por meio de sua assessoria de imprensa.

Segundo o Sindusfarma, os estoques de princípios ativos e demais insumos importados da China são suficientes para atender às necessidades de produção da indústria nas próximas semanas. Além disso, “os estoques de medicamentos prontos nos postos de saúde e nas redes de farmácias e distribuidoras garantem o abastecimento da população e das clínicas e hospitais”, acrescenta o texto.

A Anvisa confirma a conversa com o setor farmacêutico “para analisar estratégias que possam ser necessárias para manter o fornecimentos de matéria prima para a indústria nacional”. Mas também reforça, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não há indicação de risco de desabastecimento no mercado farmacêutico” neste momento.

A reunião mais recente com associações do setor sobre o tema, acrescenta o órgão, ocorreu há uma semana. “E em breve (a agência) vai apresentar proposta para tratar eventuais necessidades da indústria para manter a produção, inclusive eventual necessidade de alterar fornecedor”, afirma o texto. No final de fevereiro, conclui, a Anvisa “já havia solicitado às empresa farmacêuticas analisar a situação da produção nacional”.

Fonte: O Globo

Sobre admin

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Required fields are marked *

*

× Fale com os gestores