quarta-feira , 24 abril 2024
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Santa Catarina concentra indústria de nanotecnologia

A revolução invisível da nanotecnologia tem aberto oportunidades gigantescas de inovação na saúde e em outros campos de conhecimento. Estima-se que o mercado da manipulação da matéria em escala atômica e molecular envolva 12,4 mil empresas de 56 países. Elas movimentam US$ 3 trilhões anuais, valor que deve saltar para US$ 5 trilhões até 2020.  No Brasil, as 52 empresas fornecedoras de nanoprodutos faturam R$ 175 milhões e crescem 27% ao ano. Mais da metade delas estão em Santa Catarina. 

Até o final do ano o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) vai lançar um plano nacional de ação estratégica para o setor.

O plano visa aproximar indústria e academia, harmonizar as normas brasileiras com as internacionais e inserir o tema nos programas de desenvolvimento estaduais e municipais”, explica o coordenador de desenvolvimento e inovação em tecnologias convergentes e habilitadoras do MCTIC, Leandro Antunes Berti.

“Temos conversado com várias instituições para melhorar o processo regulatório”. Ele destaca como um avanço a inclusão da agenda da nanotecnologia na Medida Provisória (MP) 843/2018, de 6 de julho, que cria o novo regime automotivo brasileiro. A MP destina R$ 1,5 bilhão anuais em crédito tributário por 15 anos para pesquisa e desenvolvimento na indústria.

Em novembro de 2017, a companhia farmacêutica brasileira Aché inaugurou em sua sede em Guarulhos (SP) o Nile, laboratório de pesquisa nanotecnológica sobre novos medicamentos, cosméticos e alimentos. A iniciativa é uma parceria com o grupo suíço Ferring Pharmaceuticals e recebeu investimento de R$ 7 milhões.  Suas linhas de pesquisa incluem a liberação controlada dos princípios ativos para reduzir efeitos adversos no organismo e a possibilidade de transformar medicamenros injetáveis em orais. “Acreditamos que iremos impactar muitas vidas”, diz o diretor de desenvolvimento farmacológico, Miller Freitas.

Os 28 empreendimentos instalados em Santa Catarina, quase todos na capital, faturam juntos R$ 40 milhões anuais. Eles se beneficiam da articulação com centros de pesquisa como o Laboratório Interdisciplinar para o Desenvolvimento de Nanoestruturas (Linden) da Universidade Federal (UFSC), parques tecnológicos, incubadoras e programas de fomento como a Sinapse da Inovação, da Fundação Certi.

A capital catarinense definiu o setor de nanotecnologia e novos materiais como um dos cinco eixos estratégicos de desenvolvimento local, ao lado de tecnologia da informação e comunicação; energia; turismo, comércio, economia criativa e do mar; e tecnologia em saúde e bem-estar.

Criada em 2008 pela farmacêutica Betina Giehl Zanetti Ramos e por seu marido Ricardo Ramos, a Nanovetores é pioneira no Brasil em sistemas de nano e microencapsulação de ativos para cosméticos. Em 2012, a empresa foi investida pelo fundo Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste, tornando-se sociedade anônima.

Presente em 27 países, faturou R$ 10 milhões em 2017 e projeta chegar a R$ 20 milhões este ano. “Também criamos produtos veterinários, odontológicos e têxteis”, conta a empresária. “Nossa ideia é migrar para outras áreas por meio de parcerias estratégicas em diferentes segmentos industriais”.
A TNS, fundada em 2009, fabrica aditivos antimicrobianos para produtos que requerem segurança biológica nos segmentos médico-hospitalar, têxtil, veterinário e cerâmico, entre outros.

Este ano, entrou na linha do agronegócio ao lançar um nanossensor químico que permite a rápida detecção da bactéria salmonela em granjas e frigoríficos. Como resultado de uma parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a empresa planeja lançar no segundo semestre um produto que aumenta de quatro para dez semanas o tempo de validade dos ovos na prateleira. A expectativa é dobrar o faturamento este ano e ampliar a fatia de exportações de 2% para 10% da receita, informa seu diretor-geral Gabriel Nunes.

Também de Florianópolis, a Nanoativa é um caso mais recente de startup de nanotecnologia oriunda do ambiente universitário. Sua fundadora, a engenheira sanitarista e ambiental Valéria Vidal Oliveira, desenvolveu um aditivo para conservação de alimentos que, incorporado em placas de plástico, deixa os ambientes livres de fungos bactérias. Frutas como o pêssego e o caqui, por exemplo, têm a durabilidade ampliada de duas semanas para três meses. “Já fizemos testes no supermercado Angeloni e a Electrolux mostrou interesse em colocar o produto em suas geladeiras”, conta a empreendedora.

Fonte: Valor Econômico  
      

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