quinta-feira , 25 abril 2024
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Imunização infantil terá volume logístico 40% menor

Com mais doses por frascos, as vacinas para crianças de 5 a 11 anos vão demandar menos caixas e freezers, o que traz ganho para toda cadeia do Programa Nacional de Imunização (PNI)

Após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e confirmação do Ministério da Saúde, 20 milhões de crianças devem ser vacinadas contra a Covid-19 nos próximos meses. Com idade entre 5 e 11 anos, os pequenos receberão o imunizante pediátrico da Pfizer, que tem alguns diferenciais de concentração em relação ao hoje oferecido aos adultos. Com o Programa Nacional de Imunização (PNI) iniciando uma campanha com um público alvo novo, a logística volta ao foco. Afinal, é diferente o processo de armazenamento, fracionamento e transporte desse novo imunizante?

O especialista em logística de cadeia fria, Ricardo Canteras, explica que, com relação às faixas de temperatura, uma das principais preocupações quando o imunizante da Pfizer surgiu em 2020, o processo não terá grandes alterações.

“Tem sim um diferencial de temperatura, mas somente na questão de armazenamento. Para ficar mais simples de entender, as faixas de temperatura são as mesmas, ou seja: de acordo com o momento da logística elas serão mantidas nas faixas de -90 a -70ºC, -15 a -25ºC e de 2 a 8ºC. Em cada etapa do processo, da importação, ao armazém e até a aplicação nos estados e municípios, uma faixa é preconizada. O que muda na vacina pediátrica é que na faixa de 2 a 8ºC o tempo de validade aumenta de 30 dias para 10 semanas. Ou seja, na temperatura da geladeira (que é a mais importante para as UBS e pontos de aplicação), ela pode ser mantida por 2 meses e meio sem que haja qualquer perda nas propriedades físico-químicas. Isso é um grande facilitador para os municípios”, detalha Canteras.

O executivo, que é também diretor Comercial e de Operações da TEMP LOG, operadora logística especializada nos serviços de armazenamento, fracionamento e transporte para a indústria farmacêutica, conta que outro ponto importante e positivo é a quantidade de doses por frasco. Cada frasco da vacina infantil tem 10 doses, enquanto o de adulto, apenas 6. Esse ponto, que parece pequeno, causa um impacto grande na logística, tanto no armazenamento quanto no transporte.

Para exemplificar: no armazenamento, a diferença fica bem clara com os ultrafreezers. Isso porque cada um deles comporta 35.100 frascos. Ou seja, esse total corresponde a 210.600 doses de adulto e 351.000 doses de criança. As 20 milhões de doses já compradas pelo Ministério da Saúde para as crianças ocupariam, então, 57 ultrafreezers, enquanto seriam necessários 95 para 20 milhões de doses convencionais.

No transporte, o ganho também é visível. Isso porque, em média, cada caixa de vacinas da Pfizer tem 5 bandejas, cada uma com 195 frascos. Ou seja, 975 frascos por caixa, o que representa 5850 doses convencionais e 9750 pediátricas. Isso quer dizer que para transportar as 20 milhões de doses para crianças serão necessárias 2051 caixas. Para transporte da mesma quantidade de doses convencionais, seriam necessárias mais de 3400 caixas.

“Quando pensamos nas vacinas já negociadas, o volume operacional é 40% menor. Esse é um ponto muito importante, que acarreta em uma diminuição de custos, tempo e espaço. Inclusive se levarmos em conta que a capacidade de armazenamento nas UBS, por exemplo, não é tão grande quanto a de um galpão. Na ponta final, quanto mais doses em menos espaço, melhor”, diz Canteras.

Por fim, outro diferencial é na estrutura física dos frascos. A vacina de crianças possui a tampa laranja, enquanto a de adultos é roxa. Isso foi pensado para evitar qualquer tipo de engano, já que tanto a concentração do componente quanto a dose a ser aplicada, é menor para os mais novos. Também pensando em como evitar qualquer falha, a ANVISA determinou que os públicos-alvo sejam atendidos em locais distintos. Por esse motivo, inclusive, muito se falou em utilizar as escolas como ponto de imunização infantil.

“Particularmente, eu não acredito que vai ser feito nas escolas. Até porque, o que a ANVISA pede não é distinção de prédios, mas sim de salas. A vacinação pode ser feita no mesmo local, contanto que exista uma barreira física entre os públicos. Claro que quando a campanha mais forte começa, você acaba utilizando pontos estratégicos para aplicação de mais doses por dia, como já temos hoje as campanhas de fim de semana para adultos. Mas acredito que, até para não afetar o ano letivo das escolas, o caminho vai ser adaptar os pontos já existentes, separando em salas, tendas, etc”, opina Ricardo.

Com a aplicação ocorrendo nos mesmos locais, a logística deve se manter a mesma já adotada, porém com a vantagem do volume menor e do maior prazo de validade em temperatura de geladeira.

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