sexta-feira , 19 abril 2024
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Estresse: o grande vilão da pandemia

Por Ricardo Rienzo

Nestes quase oito meses de pandemia no Brasil, as preocupações tomam a maior parte do nosso tempo e nossos pensamentos. Além do distanciamento social, que nos afasta de amigos e familiares, e a insegurança quanto à própria saúde, a maioria dos brasileiros tem que lidar com incertezas em relação ao futuro, como o emprego, a economia e a educação das crianças. Tudo isto coloca o nosso corpo em constante estado de alerta.

No entanto, no atual estágio de evolução do ser humano, o estado de alerta não é mais uma necessidade de sobrevivência, como nos tempos primitivos. O corpo não está preparado para isso. Hoje, situações assim são consideradas um problema com nome e sobrenome: estresse crônico.

A medicina moderna mostra que o estado de alerta gera uma alteração do eixo hipotálamo-hipófise-glândula, o que leva a alterações em todo o sistema hormonal. Isso pode ser o ponto inicial de doenças crônicas tais como diabetes, doenças cardiovasculares e doenças autoimunes, entre outras.

Internamente, há uma grande luta para lidar com esta situação e tentar diminuir cada vez mais o impacto deste mal. Para melhorar humor, nosso corpo possui um neurotransmissor chamado serotonina. Ele tem grande impacto sobre a qualidade de vida e o prazer. A boa notícia é que podemos tomar atitudes para aumentar a serotonina de forma natural, como praticar exercícios físicos, tomar sol, ingerir alimentos anti-inflamatórios como o abacate, o brócolis, a beterraba e oleaginosas, e outros ricos em triptofano, um aminoácido precursor da síntese de serotonina, encontrado no cacau, na banana e nos peixes.

Muitas vezes, o estresse leva também a transtornos de ansiedade e de humor, e para tal, sempre devemos avaliar se não há alguma alteração hormonal, como as de adrenal, que levam ao hiperortisolismo, e de tireoide, que causam hipertireoidismo e hipotireoidismo). Há ainda problemas relacionados ao excesso de ingestão de açúcares, como o hiperinsulinismo e resistência insulínica, e a falta ou diminuição de estrogênio e progesterona, sobretudo em mulheres na perimenopausa e menopausa.

Cabe ao endocrinologista uma avaliação detalhada, em que o especialista irá correlacionar queixas e sinais a eventuais patologias hormonais a serem tratadas. Mas ele não é o único. A saúde mental está em alta e não é mais considerada uma questão secundária, portanto saiba que nunca é tarde para buscar ajuda de um psiquiatra ou terapeuta, além de outras formas de encontrar o equilíbrio emocional.

Afinal, todos esses sintomas acabam por minar a saúde de forma geral, criando pontos fracos e portas de entradas para doenças mais graves, como a Covid-19. E o estresse anda de mãos dadas com ela.

 Dr. Ricardo Rienzo é endocrinologista do Hospital Santa Catarina (SP)

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