quinta-feira , 28 março 2024
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Em 2019, Brasil será maior negócio da Boehringer na América Latina

O ritmo de lançamentos empreendido nos últimos anos e a bem sucedida colocação dos novos produtos no mercado garantiram crescimento de dois dígitos e acima da média do setor para a operação brasileira da farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim. Como resultado dessa estratégia, o país deve superar o México em vendas e se tornar a maior afiliada da empresa na América Latina já neste ano. “O faturamento no Brasil é relevante. Estamos muito confiantes”, diz o principal executivo e chefe da área de saúde humana no país, Marc Hasson.

Maior farmacêutica de capital fechado do mundo e dona de marcas como Buscopan (para dor e cólica) e Frontline (linha veterinária), a Boehringer Ingelheim não revela informações financeiras da operação local. Contudo, segundo ranking da consultoria IQVIA, a alemã está entre as 20 maiores do mercado brasileiro, com vendas anuais de mais de R$ 1,1 bilhão considerando-se os descontos concedidos (PPP, do inglês Pharmacy Purchase Price). No mundo, teve vendas líquidas de € 18,1 bilhões em 2017 – o balanço do ano passado está prestes a ser divulgado.

Para sustentar a trajetória de crescimento, conta Hasson, a estratégia é manter a fórmula de lançamentos e buscar maior participação no mercado público. Do lado dos novos produtos, a farmacêutica prevê duas novidades no país em 2019: Glyxambi, para tratamento do diabetes tipo 2, e Spiolto, aplicado à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

As terapias serão incorporadas a um portfólio que conta hoje com 29 produtos, que representam 61 concentrações ou fórmulas diferentes, em saúde humana. Dois terços das vendas da Boehringer Ingelheim no Brasil são gerados nessa área. Uma das líderes no mercado de saúde animal, a empresa tem ainda 80 produtos oferecidos no mercado local, que representam 162 apresentações.

Já sobre o avanço em outros mercados, a meta da farmacêutica alemã é oferecer mais produtos inovadores via rede pública e há conversas em andamento com o governo federal, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS), a Conitec. “O Brasil tem um sistema de saúde bastante sólido. O ponto é a rapidez do acesso à inovação, onde há possibilidades de melhora, e estamos mostrando isso para as autoridades”, afirma Hasson.

A meta é oferecer mais produtos inovadores via rede pública e há conversas nesse sentido com o governo

O trabalho com a Conitec, conforme o executivo, tem sido desenvolvido no sentido de melhor apresentar seus produtos e orientar sobre o tratamento. Com duas fábricas no país, em Paulínia (SP) e Itapecerica da Serra (SP), a farmacêutica tem ainda uma fazenda no Paraná, onde cultiva a matéria-prima para produção do Buscopan.

Segundo o executivo, o portfólio de medicamentos isentos de prescrição (OTCs, na sigla em inglês) tem relevância especialmente para a operação local e, embora não haja planos de ampliação desse segmento, tampouco há intenção de sair desse mercado, como outras multinacionais têm feito nos últimos meses. “O mercado farmacêutico brasileiro cresceu 9% no ano passado e 2019 começou com boas perspectivas”, diz o executivo.

O envelhecimento da população e a melhora da economia, ainda que tímida, têm reflexo direto nas vendas de medicamentos e sustentam a expectativa de que 2019 possa repetir o desempenho do ano passado. Por ter um portfólio mais direcionado à inovação, a Boehringer não sentiu o menor ritmo de crescimento do mercado farmacêutico brasileiro, que há um bom tempo vinha marcando dois dígitos de expansão anual.

O executivo franco-alemão de 51 anos chegou há cerca de seis meses ao comando da operação brasileira, em substituição a Peter Plöger, que estava no cargo desde 2015. Em 2019, viverá o primeiro ano cheio de operação integrada com a antiga Merial, unidade de saúde animal comprada da Sanofi no fim de 2016. Na transação, a Boehringer transferiu para a Sanofi sua unidade de saúde do consumidor.

Antes, porém, Hasson já havia trabalhado no Brasil, na Aventis, que se fundiu à Sanofi em 2004. Hoje, a percepção é a de que o país “tem tudo para dar certo”. “A economia vai mais devagar do que a maioria esperava, mas não é possível melhorar de uma hora para outra”, pondera.

Fonte: Valor Econômico

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