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Conheça o passo a passo da produção de vacinas contra a Covid-19

Atualmente, ao redor do mundo, existem mais de 125 vacinas em testes para o combate ao coronavírus.

Como se estivessem em uma corrida de obstáculos, os pesquisadores que coordenam a produção dos imunizantes têm etapas para vencer: durante três fases que levam entre quatro meses a um ano e meio, as vacinas que não servem para o organismo dos seres humanos vão ficando pelo caminho. No momento, existem três diferentes vacinas contra a covid-19 em fase final antes de serem aprovadas, comercializadas e distribuídas em massa. Uma delas, a “vacina de Oxford”, já se encontra em solo brasileiro, com aplicação em 2 mil voluntários em São Paulo e Rio de Janeiro.

Vacina de Oxford: como funciona e por que é a mais promissora.

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, o ChAdOx1 nCov-19, nome oficial do imunizante, tem parte de seus estudos previamente realizados, em 2012, quando estouraram os primeiros surtos de Síndrome Respiratória Aguda e Síndrome Respiratória do Oriente Médio, também causados pelo coronavírus.

De acordo com Adilson Westheimer, médico infectologista e coordenador do Departamento Científico de Infectologia da Associação Paulista de Medicina, a vacina de Oxford é uma versão enfraquecida e não replicante de um vírus do resfriado comum, o adenovírus.

“A vacina de Oxford é preparada com um vírus inativado, que é o adenovírus, junto com proteínas do Sars-Cov-2, que é o coronavírus que causa covid-19. A ideia é fazer com que a pessoa que recebe a vacina tenha uma quantidade de vírus muito fraca, de maneira a elaborar uma memória de defesa. O desenvolvimento de uma vacina não é algo simples. Da primeira fase até a aprovação, muitas das vacinas se perdem: Se a fase 1, por exemplo, apresenta muitos efeitos adversos, ela não vai para a fase 2 e assim por diante.”

Segundo Westheimer, a união do adenovírus enfraquecido com as proteínas do Sars-Cov-2, é um dos muitos métodos de desenvolvimento de vacinas.

“A vacina de Oxford utilizou uma tecnologia que também já é empregada na produção de outros imunizantes, como, por exemplo, a vacina contra meningite tipo C. Ela é preparada com proteínas da bactéria que causam a doença, e conjugada com o toxoide tetânico ou a toxina diftérica, dependendo do fabricante”, explica o infectologista.

De acordo com a Universidade de Oxford, mais de 4 mil participantes já estão inscritos no ensaio clínico no Reino Unido. Na África do Sul, onde pelo menos 80 mil pessoas foram diagnosticadas, os testes para a vacina foram iniciados no dia 23 de junho.

O passo a passo da testagem

Os testes para avaliar a eficácia de um imunizante são realizados em três etapas. O infectologista Adilson Westheimer, explica como funciona cada uma delas.

Fase 1: “O objetivo é avaliar a segurança da vacina. Uma pequena quantidade de pessoas é testada para verificar reações adversas e o nível de resposta imune. Leva geralmente 4 a 6 meses.”

Entre mais de 125 vacinas, 10 se encontram na primeira fase.

Fase 2: “ Os pesquisadores seguem acompanhando a presença de efeitos adversos, eficácia e efeito de proteção, isto é, se a resposta imunológica é capaz de proteger os pacientes para adquirir a doença. Nesta fase, o indivíduo é exposto à contaminação do vírus para verificar o nível de proteção. O número de pessoas testadas já é maior e varia por idade, gênero e raça em várias partes do mundo. O processo leva de 6 meses a 1 ano.”

Oito pesquisas de vacina se encontram em testes de expansão de segurança.

Fase 3: “Aqui acontece a avaliação da resposta imunológica, proteção, via de administração e dose para as pessoas. Milhares precisam ser testados em várias partes do mundo e em diferentes épocas do ano. Demora no mínimo 1 ano, 1 ano e meio . É o momento mais seguro para a realização dos testes em massa.

Além da “vacina de Oxford”, encontram-se na terceira fase de testagem o imunizante testado pela estatal chinesa Sinopharm e a Bacillus Calmette-Guerin (BCG), desenvolvida em 1900 como proteção para tuberculose e agora testada na Austrália pelo Murdoch Children’s Research Institute.

No dia 23 de junho, a terceira fase de testes da Sinopharm foi iniciada nos Emirádos Arábes após uma parceria com a China. Segundo o Instituto Wuham de Produtos Biológicos, em 28 dias, a taxa de conversão positiva de anticopros neutralizantes entre os 1.120 voluntários da fase 2 da Sinopharm foi de 100%. A vacina também é feita com o vírus inativo.

Embora testes com o BCG sejam conduzidos na Austrália, a OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu um comunicado em abril de 2020 explicando que ainda não há evidências científicas de que o imunizante contra tuberculose possa ter efeito sob a covid-19.

“Os autores compararam a incidência de casos de covid-19 em países onde a vacina BCG é usada com países onde não é usada e observaram que os países que usavam rotineiramente a vacina […] Tais estudos ecológicos são propensos a viés significativo de muitos fatores de confusão, incluindo diferenças na demografia nacional e na carga de doenças, taxas de teste para infecções por vírus covid-19 e o estágio da pandemia em cada país.”

Fonte: Portal R7

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