terça-feira , 23 abril 2024
Capa » Notícias » Aumento de impostos coloca em risco 85 mil empregos na indústria química

Aumento de impostos coloca em risco 85 mil empregos na indústria química

Setor teme que suspensão de regime especial concedido pelo governo agrave crise causada pelo cenário internacional

A partir desta sexta-feira (01) a indústria química passará a pagar ainda mais impostos em um momento de crise mundial, que pressiona os preços das matérias primas, óleo e gás, utilizados por ela. É que passa a vigorar a Medida Provisória 1.095, publicada no apagar das luzes de 2021, e que extingue o Regime Especial da Indústria Química (REIQ). Esta medida foi criada em 2013 com o objetivo de equilibrar a competitividade do setor no Brasil, reduzindo a considerável disparidade de custos entre a indústria nacional a internacional.

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, explica que o momento era para rever a carga tributária de PIS/COFINS sobre todos os derivados de óleo e gás para baixo, o que poderia ser feito sem redução de arrecadação, como, corretamente, entendeu o governo no caso do IPI. “O aumento que agora se produz vai em sentido contrário a todas as reações que estão sendo produzidas no mundo no mercado de óleo, gás e derivados em função da guerra e da pandemia”.

De acordo com Ciro, ainda há tempo de o governo rever sua decisão. “E há ainda mais motivos para isso depois dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre o mercado de produtos, como os químicos, derivados de óleo e gás. Precisamos evitar que sofram o setor produtivo e os consumidores brasileiros”, complementou.

A indústria química possui um papel chave na economia de diversos países e no Brasil não é diferente. No mundo é a 5ª maior indústria de manufatura em PIB e fornece insumos para que as demais indústrias produzam, como por exemplo, as áreas têxtil, de saúde e do agronegócio. Por ter um efeito multiplicador, estima-se que o setor contribui com 120 milhões de empregos em todo o mundo.

Ainda segundo a Abiquim, mesmo reconhecendo o segmento como essencial pelo governo federal, a indústria química do Brasil se encontra mais uma vez diante de um cenário de insegurança jurídica com grandes efeitos sobre as diversas cadeias produtivas. “Trata-se de um retrocesso à Lei no 14.183, sancionada sem vetos em 14 de julho de 2021, após intenso processo de debates que envolveu Congresso Nacional, Poder Executivo, setor produtivo e trabalhadores, e estabeleceu a redução gradual do Regime pelo período de quatro anos, encerrando-se em janeiro de 2025”, pontou o presidente-executivo.

O que é o REIQ e sua importante?

O REIQ consistia, nesses últimos meses, na isenção de 2,19% no PIS/COFINS sobre a compra de matérias-primas básicas petroquímicas de primeira e segunda geração.

O Regime Especial garantia a permanência de 85 mil vagas de trabalho e a criação de novos postos. Além disso, o setor químico fornece materiais essenciais para praticamente todas as demais indústrias do Brasil. Considerando os efeitos sobre a renda e emprego, a perda será de R$ 5,5 bilhões anuais no Produto Interno Bruto (PIB), além de uma redução de R$ 3,2 bilhões na arrecadação.

O REIQ não apenas trazia benefícios para a competitividade da indústria química brasileira, mas também contribuía para a estabilidade jurídica pela qual nosso país é tão conhecido.

A instabilidade econômica também é uma das consequências dessa medida do governo federal. Atualmente, a indústria química já opera com apenas 72% da capacidade instalada no país, enquanto a participação dos produtos importados no mercado interno já é de 46%.

Segundo a FGV Projetos, com o fim do REIQ, a setor irá perder, em produção, entre R$ 2,7 bilhões (cenário favorável) e R$ 5,7 bilhões (cenário base), o que fará com que o total da cadeia, que é de R$ 11,5 bilhões por ano, caia drasticamente.

Sobre admin

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Required fields are marked *

*

× Fale com os gestores