Mudanças apontam que muitos locais ainda não garantem a qualidade do ar necessária para a saúde das pessoas
As novas regras sobre a qualidade do ar nos espaços comerciais e públicos estão trazendo à tona o fato de que muitos desses locais não têm sistemas de ventilação adequados. A falta de renovação de ar aumenta o risco de doenças respiratórias, prejudica o bem-estar e até mesmo a produtividade de quem trabalha ou frequenta esses ambientes.Desde julho de 2024, entrou em vigor a norma ABNT NBR 17037, que atualiza os padrões de qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente. Uma das principais mudanças foi a redução no limite de dióxido de carbono (CO2), passando de 1000 ppm para 700 ppm acima do valor medido no ambiente externo. Além disso, agora há mais atenção na quantidade de partículas suspensas no ar, que podem causar sérios problemas respiratórios, principalmente em locais onde a ventilação não é adequada.
Patrick Galletti, engenheiro de climatização e CEO do Grupo RETEC, explica que os estabelecimentos com grande circulação de pessoas precisarão passar por alterações para se adequarem a essas mudanças. “A nova norma é um passo importante para garantir a saúde de todos. Muitos lugares não têm a ventilação necessária, o que pode piorar a qualidade do ar. É fundamental que esses estabelecimentos se adequem o quanto antes para evitar complicações”, alerta.
A importância da renovação do ar
Um estudo publicado pela Environmental Protection Agency (EPA) demonstra que a má ventilação em ambientes fechados pode contribuir para o acúmulo de poluentes que causam sintomas como dor de cabeça, cansaço e irritação nas vias respiratórias. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também destaca que ambientes mal ventilados podem agravar problemas de saúde, como doenças respiratórias e cardiovasculares.
É aí que entram em cena os sistemas de renovação de ar. Eles funcionam substituindo o ar viciado de um ambiente interno por ar externo fresco, garantindo a diluição de poluentes e a manutenção da qualidade do ar. Isso é feito através de ventiladores e dutos que captam o ar externo, filtram as partículas nocivas (como poeira e micro-organismos), e introduzem o ar limpo no ambiente.
Ao mesmo tempo, o ar interno carregado de dióxido de carbono (CO2) e outros contaminantes é expelido para fora. Esse ciclo contínuo mantém os níveis de CO2 e de partículas em suspensão dentro dos limites recomendados pelas normas de qualidade do ar, melhorando o conforto térmico e a saúde dos ocupantes.
Galletti reforça os malefícios do cenário oposto. “Se o ar não circula como deveria, ele fica retido no ambiente e vai acumulando poluentes. Isso prejudica tanto a qualidade de vida quanto a produtividade no trabalho e na escola”, exemplifica.
Como os estabelecimentos podem se adequar às novas regras
Para cumprir as novas normas, muitos locais vão precisar modernizar seus sistemas de ventilação e climatização. Isso envolve instalar equipamentos que renovem o ar de maneira eficiente e garantir que a circulação esteja funcionando corretamente. Além disso, as novas regras exigem que a qualidade do ar seja medida com frequência, para garantir que tudo esteja dentro dos padrões exigidos.
Uma vantagem de investir em sistemas de renovação de ar é a economia de energia. Com o ar circulando de forma adequada, o uso de aparelhos de ar condicionado pode ser reduzido, diminuindo o consumo de eletricidade.
Os benefícios se tornam ainda mais relevantes em um momento em que as contas de energia elétrica costumam ficar mais altas e as ondas de calor se tornam cada vez mais frequentes.
Fiscalização é indispensável
Além de adequar os estabelecimentos, é importante que haja fiscalização para garantir que essas mudanças realmente aconteçam. As novas regras exigem que análises da qualidade do ar sejam feitas duas vezes por ano, sempre por laboratórios especializados.
Patrick Galletti reforça que essa medida é a única forma de garantir a conformidade de todos às novas normas. “Se não houver uma fiscalização eficiente, muitos locais podem acabar ignorando as mudanças, colocando em risco a saúde de quem frequenta ou trabalha nesses espaços. Esse é o tipo de economia que cobra um preço alto mais adiante”, salienta o engenheiro.