sexta-feira , 19 abril 2024
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Até que ponto as Boas Práticas vão na importação de medicamentos e insumos?
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Até que ponto as Boas Práticas vão na importação de medicamentos e insumos?

Por Fernando Piza*

Sabe-se muito bem o quanto se é exigido no transporte nacional de medicamentos e insumos. As RDCs 301/19 e 430/20 são bons exemplos. Chamam muita atenção por tantas adaptações e investimentos necessários por parte do setor privado para se adequar. O que é excelente para o consumidor final.

Enquanto sabe-se que muitas indústrias, com ou sem legislação, se importam com o princípio de Boas Práticas e fazem todo o possível para entregar medicamento com a melhor qualidade aos seus consumidores, procurando manter o medicamento dentro das especificações de temperatura e umidade durante toda a logística, por outro lado sempre haverão aqueles que são reativos à legislação e só efetivamente buscam se adequar conforme há um fiscal dando-lhes uma multa ou apreendendo produtos.

O princípio de Boas Práticas, ou das Melhores Práticas, deve ser uma constante para toda a cadeia de suprimentos de produtos para a saúde, especialmente medicamentos e seus insumos. É imaginar que todo medicamento que se irá produzir, transportar, armazenar ou distribuir seja para consumo próprio ou de alguma pessoa muito próxima. O que se faria com cada etapa, cada decisão, cada plano de contingência, cada não conformidade, cada configuração de embarque? Tenho certeza que sempre o melhor, considerando a preservação do produto sendo transportado, certo?

Um dos pontos mais importantes das Boas Práticas de Transporte, Armazenagem e Distribuição é a qualificação dos fornecedores. É ser capaz de desenhar procedimentos com os fornecedores que compreendam a sensibilidade dos produtos manuseados, estabeleçam planos de contingência e os torne corresponsáveis pela qualidade final do produto.

Se no cenário nacional é muitas vezes um grande desafio cumprir todos os itens descritos acima, imaginem fazer isso a nível global. Todos os fornecedores de todos os países dos quais uma Farmacêutica grande importa. Cada transportadora, armazém, aeroporto, porto, agente de cargas.

É um desafio maior ainda. Por isso muitos importadores acabam se contentando em aplicar as Boas Práticas somente no território nacional, como se cuidar de uma parcela da cadeia fria bastasse. Afinal, uma cadeia fria é tão forte quanto seu elo mais fraco. Tanta adaptação, investimento, adequação. Empresas trocando frotas inteiras de veículos. E muitas vezes aqueles medicamentos já chegaram com (grandes) desvios de temperatura e nem se sabe.

Então, qual é a alternativa?

Quando se lida com empresas capazes de fornecer serviços a nível global com parceiros já qualificados, todo esse trabalho de qualificação de todos os fornecedores da cadeia é repassado ao prestador de serviço. A indústria ou o importador qualificam o processo de qualificação desse prestador e audita sempre que necessário. Assim se tem uma cadeia de suprimentos internacional que busca as Melhores Práticas de verdade.

Cabe aos profissionais do comércio exterior tomarem a frente nessa questão e, junto com a Garantia de Qualidade, buscar sempre as Melhores Práticas no dia a dia da logística internacional e na contratação de fornecedores realmente capacitados para não somente oferecer o serviço em si, mas se comprometerem com a qualidade dos produtos que estão manuseando

Melhores Práticas de verdade é fazer da maneira certa sempre, até quando ninguém vê. É pensar no paciente final que busca o efeito que aquele medicamento terá. Caso contrário é apenas ser reativo a legislação.

*Fernando Piza – Trade Lane Development Manager na AGL Cargo

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