quinta-feira , 28 março 2024
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Analitica abre as portas e aborda temas importantes para o desenvolvimento do setor químico analítico

O já tradicional Congresso Analitica deu início às atividades na manhã de terça-feira (26), com a presença do presidente da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo, do vice-presidente internacional da NürnbergMesse, da Alemanha, Wolfgang Kranz, e do membro do comitê do Congresso, professor Pedro Vitoriano de Oliveira. Os três recepcionaram os presentes e deram um pequeno overview do que se pode esperar nesses três dias de realização, agradecendo os espectadores por continuarem acreditando na importância do evento.

“O objetivo do Congresso é levar conhecimento e expertise aos profissionais da área, já que a indústria química é um dos principais setores da economia que formam o PIB brasileiro, seja na indústria cosmética, farmacêutica, petroquímica ou agrônoma. Esperamos contribuir para o crescimento desses setores”, disse o presidente da NürnbergMesse Brasil.

 Projeto de nanotecnologia reflete sobre a importância da ciência na educação básica

Que os avanços na ciência nos últimos anos são notórios, não há o que discutir. Mas no que diz respeito ao ensino da área no Brasil na educação básica, qual é exatamente o nosso cenário? Tendo isso em mente, o cientista Delmarcio Gomes da Silva deu asas à um sonho e impulsionou um projeto ousado, porém importante e que atende a uma das áreas de maior deficiência no país hoje em dia. Formado em Química pela Universidade de Juiz de Fora e com doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), ele palestrou sobre a importância do ensino dessa modalidade científica, utilizada para a construção de componentes inteligentes e de alta tecnologia, nas escolas brasileiras.

Para propagar a importância de inserir o tema na grade curricular das instituições, Delmarcio se valeu dos exemplos educacionais das escolas americanas, que desenvolvem matérias voltadas para a nanotecnologia desde o início dos anos 2000, quando o país começou a propagar informações acerca da área, com o intuito de aproximar a universidade da indústria. “O ensino no Brasil precisa ser modificado e melhorado. É importante que tenhamos a inserção de novos projetos, com informações sobre a nanociência no ensino básico. Se não falarmos sobre isso na educação, o nicho fica muito restrito”, afirma ele.

Hoje em dia, a nanotecnologia é discutida e estudada profundamente somente no ensino superior no país. Para ele, é importante ampliar a educação para que a área desperte o interesse em estudantes com temas interdisciplinares e avançados, fazendo com que a mesma tenha uma expansão e que a grade curricular obrigatória saia do lugar comum. Para seguir com o projeto, que já conta com o apoio da legislação brasileira, Delmarcio cita exemplos, como questões interdisciplinares do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016, que citaram a nanotecnologia em perguntas bem elaboradas que exigiam interpretação de texto para resolução de exercícios de química e biologia.

“Precisamos pensar em formas de melhorar tanto a dinâmica das aulas como a elaboração do material didático, a ampliação de referências e a reflexão da importância do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, despertamos no aluno um interesse maior em aprender e desenvolver a ciência, o que resulta em novas pesquisas e na formação de novos profissionais na área”, explica Delmarcio.

Algumas instituições no país, sobretudo em São Paulo, já reforçam a nanotecnologia como uma área a ser colocada em primeiro plano, sendo que a mesma já foi abordada e estudada em projetos de instituições como o Colégio Bandeirantes, a Etec Osasco e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Para reforçar o sucesso de elaborar novas matérias, Delmarcio cita como o exemplo o seu projeto de disciplina eletiva no Colégio Santa Cruz em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Na ocasião, foram 27 alunos inscritos no programa, que abordou o que ele acredita ser um dos fatores mais importantes dentro do ramo da ciência contemporânea: a sustentabilidade.

Durante as aulas, os alunos acompanharam um experimento de nanopartículas de cristais em um saco plástico para analisar a preservação de uma maçã, comparando-a com o processo de decomposição natural do mesmo alimento inserido em outro saco plástico sem a substância. Ao final de algumas semanas, a primeira maçã encontrava-se em perfeito estado, enquanto que a outra mostrava-se em um avançado processo de putrefação. Para ele, o uso de sacos plásticos com nanopartículas de cristais é um ótimo exemplo de como preservar alimentos e determinados objetos, principalmente no que concerne ao ambiente hospitalar, que exige o uso de plásticos para roupas, objetos e afins – e cujo projeto ajuda a ampliar sua durabilidade.

Pesquisas de doutorados apresentam soluções para análises de alimentos gordurosos como o leite materno

Renato Zanelha, pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ministrou no Congresso Analitica, que ocorre em paralelo a feira Analitica Latin America, sobre as “Estratégias analíticas para determinação de resíduos contaminantes em alimentos” e como estão os avanços em sistemas de análises de contaminação, que buscam atingir a maior precisão possível.

O pesquisador demonstrou alguns métodos utilizados em na universidade e exemplificou como o uso do sistema QuEChERS (Rápido, Fácil, Barato, Eficaz, Robusto e Seguro) com a junção do uso de massas de alta resolução pode auxiliar na agilidade do processo. Outro ponto abordado foi o cuidado necessário no momento da preparação das amostras. “Precisamos seguir todas as etapas de preparação: extração, partição, limpeza de extrato e análise; respeitando essas etapas evitamos perdas no momento da cromatografia que, se houver, pode modificar o resultado”, explicou.

Zanelha também apresentou o solvente que pode analisar agrotóxicos em alimentos muito gordurosos, como o leite materno. Na demonstração, o professor exemplificou que podem ser encontrados até 140 tipos de agrotóxicos no leite. O solvente está em fase de avaliação e sua produção está a cargo da Agilient, empresa do setor químico.

Na plateia, os congressistas estão satisfeitos e com boas impressões do primeiro dia de Congresso. “Estou achando excelente; o nível das pesquisas apresentadas é de primeira qualidade. Enquanto assistia vinha surgindo ótimas ideias de pesquisas para colocar em prática, também achei adequado o tempo de apresentação de cada palestrante, não mudaria nada”, comentou Maria Josefa Santos, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Após 14 anos sem atualizações validativas, setor analítico ganha nova resolução: a RDC 166/2017

 A startup Validari, especialista em soluções para validação, em parceria com a AEDRU, ministrou a palestra sobre a nova RDC 166/2017 e levantou o questionamento se as empresas estão preparadas para adaptar seus processos às novas diretrizes de validação analítica. O tema foi apresentado por Guilherme Portilho Carrara, que traçou o histórico do país em relação as RDC’s, que desde 2003 não recebiam atualização. “Estávamos há 14 anos sobre a mesma validação e isso gera uma acomodação de processos por meio do setor. Nós quisemos trazer esse assunto para a feira, pois as pessoas ainda estão com a mente mais aberta sobre essas atualizações”, celebrou Portilho.

Outro ponto importante levantando pelo especialista é que as empresas precisam ter mais segurança e credibilidade no momento de apresentar seus resultados aos órgãos reguladores, como a Anvisa, para que os projetos sejam aprovados e os processos sejam concluídos com mais rapidez. A RDC166/2017 já está em vigor e usa o Guia para Tratamento Estatístico na Validação nº10/2017 – Versão 1 para complementar alguns pontos como as análises estatísticas, que ainda estão em carência nas novas diretrizes.

Até março de 2018, a Anvisa receberá sugestões de métodos estatísticos que poderão oferecer padrões mais sólidos para as validações. Por isso, Portilho indicou aos presentes que orientem suas empresas e profissionais do setor a enviar sugestões para o órgão, auxiliando em melhores resultados que irão complementar a segunda versão do guia, peça muito importante para a nova RDC.

Para os presentes, o tema foi de extrema importância. “Achei muito interessante a palestra, pois só trouxe novidades e esclarecimentos dessa nova resolução que é fundamental para nós e para os próximos passos da empresa”, afirmou Thaís Carvalho, analista de controle de qualidade da Ashland.

Uso de CO₂ substitui solventes e preserva extração de óleos essenciais e canabinoides

Nessa quarta-feira (26), o cientista e empresário Rolf Schlake, CEO da Applied Separations Inc, apresentou um aparelho exclusivo e desenvolvido pela sua companhia para extração mais pura e eficiente de substâncias naturais, substituindo métodos tradicionais.

Utilizada sobretudo nas indústrias agropecuária, farmacêutica e cosmética, o processo mais comum para obter os resultados, hoje em dia, é a destilação e extração com solventes para a captação das substâncias. O maior problema enfrentado durante o processo é que ele está sujeito a problemas como contaminação, que prejudicam o resultado final.

Valendo-se disso, o americano apresentou uma nova solução, que visa substituir os solventes pelo CO₂ para, dessa forma, preservar os melhores resultados da extração de substâncias, tais como os óleos essenciais de plantas. “A principal vantagem de inserir o CO₂ no processo é que a substância supercrítica isola os óleos essenciais das resinas sem causar danos térmicos. Além disso, o processo separa essas substâncias vitais dos componentes de cera em dois estágios isolados, fazendo com que o resultado final seja mais puro e livre da contaminação provocada por solventes”, afirma Rolf.

O sistema é lançado no Brasil em parceria com a Allcrom, empresa focada na comercialização e distribuição de aparelhos de cromatografia. Para Pedro Felipe, responsável pelo setor de equipamentos da empresa, o aparelho é uma ótima solução para a extração supercrítica de canabinoides, sobretudo com a liberação da Anvisa em 2016 para a prescrição e manipulação de remédios derivados de substâncias da maconha medicinal. “É um equipamento extremamente útil e eficiente para a indústria, pois preserva a eficiência do resultado final. É um ótimo momento para falarmos sobre o assunto, já que o canabidiol está no centro do debate no tratamento de doenças diversas”, conclui.

Pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) debate importância dos nanocristais em medicamentos

Valendo-se do impacto positivo da nanotecnologia para a indústria farmacêutica, a professora e pesquisadora Nadia Chacra, formada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora na área de Fármaco e Medicamentos pela mesma instituição, apresentou resultados pródigos com a inserção de nanocristais em medicamentos sólidos e de difícil solução em água.

Utilizando a furosemida como agente impulsionador de sua tese, medicamento da classe dos diuréticos e que é conhecido na indústria por seus efeitos colaterais, que envolvem alta sujeição à variabilidade de diversos fatores e que muitas vezes é rejeitado pelo organismo, ela mostrou o quanto a falta de solução em água de determinados medicamentos pode afetar o resultado final do tratamento. Dessa forma, com a inserção dos nanocristais nessas classes de remédios a solubilidade aumenta, resultando na maior absorção das substâncias pelo organismo e menor variabilidade da eficácia dos medicamentos no sistema digestivo, tais como a condição de alimentação do paciente e a hora do dia na qual o comprimido é digerido.

“Os nanocristais propiciam um meio aquoso, facilitando a absorção pelo organismo e sua dissolução. Com isso, temos um aumento da eficácia do medicamento, o que afeta diretamente na quantidade de comprimidos utilizados pelos pacientes e reduz seu uso, já que o impacto das substâncias é mais eficaz no tratamento desses pacientes”, explica ela.

Os nanocristais também são uma ótima solução para a indústria farmacêutica graças ao seu elevado custo-benefício, o que gera impacto no custo e uso de medicamentos que tratam psicoses, malária e tuberculose, doenças de alto impacto nas classes sociais mais baixas e que são o principal foco da redução de custos impulsionada pelo programa.

 

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