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Como a integração do setor de saúde pode ajudar no acesso a população

Por Cristiane Licursi, Diretora de Acesso da MSD Brasil

Ampliar o acesso da população a medicamentos e a tratamentos de saúde é uma questão global. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que pelo menos metade da população mundial ainda não tenha a cobertura integral dos serviços de saúde essenciais. Não podemos esperar que a solução venha de um único lugar, pois é preciso que haja integração entre todos os agentes do setor de saúde para garantir que as inovações cheguem de maneira sustentável a quem mais precisa: o paciente.

A indústria farmacêutica exerce um papel fundamental nessa cadeia, buscando o desenvolvimento de terapias mais eficientes e eficazes para necessidades médicas ainda não atendidas. Os atores envolvidos no setor, como a indústria, as universidades, os centros de pesquisa, o governo, as agências reguladoras, entre outros, devem trabalhar em conjunto e de forma holística. É preciso unir forças e discutir as diferentes perspectivas do acesso sem perder de vista que o paciente deve estar no centro de tudo o que fazemos.

Nosso papel é fazer com que os melhores tratamentos cheguem a quem precisa. Mas, quando falamos em saúde integral, é preciso lembrar que é mais fácil e menos custoso se prevenir, e que prevenção começa com acesso aos serviços básicos como a água potável, o saneamento e a alimentação balanceada. Tudo isso precisa ser levado em consideração, pois ainda se trata do paciente. As condições em que ele vive, a água que ele bebe, o ar que respira: tudo impacta em maior ou menor qualidade em saúde.

Melhorar o acesso significa também ganhar mais celeridade na aprovação de novos meios de diagnósticos e de tratamentos, e a integração do setor de saúde contribui para que o medicamento certo chegue ao paciente. Já temos diversos exemplos de parcerias entre empresas do setor público e privado que, ao unirem forças e conhecimento, desenvolvem novos diagnósticos, moléculas inovadoras e procedimentos de saúde que representam soluções cada vez mais eficientes no mercado, trazendo novas possibilidades de vida com qualidade para pacientes e seus familiares.

As parcerias entre setores públicos e privados também são feitas visando melhorar o acesso aos pacientes. Nesse ano de 2024, comemoramos 10 anos da chegada da vacina quadrivalente contra o HPV (papilomavirus humano) no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Para que a vacina atenda a um grande número de pessoas gratuitamente por meio do SUS, a MSD, fabricante da vacina, fez uma parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, e o Ministério da Saúde.

O objetivo da parceria é a realização de um processo de transferência de tecnologia da vacina contra o HPV para o Butantan, assegurando a sua autossuficiência na produção de um medicamento que atende milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, e serve de proteção contra o câncer de colo do útero, que é o segundo tipo de tumor que mais mata mulheres de 20 a 49 anos no Brasil.

Essa questão se estende não apenas ao contexto das vacinas, mas também se aplica a doenças raras, onde o acesso ao tratamento é frequentemente mais complexo. A integração entre os diferentes setores da saúde é fundamental para superar esses obstáculos. Muitos pacientes enfrentam uma longa e desgastante jornada em busca de um diagnóstico preciso e de um

tratamento adequado. Por meio de uma abordagem ampla, é possível desenvolver soluções inovadoras que acelerem o acesso, resultando em respostas mais eficazes e uma melhoria na qualidade de vida desses pacientes.

No caso de oncologia, temos uma nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no Brasil, elaborada pelo Ministério da Saúde com o apoio de diferentes representantes da sociedade, que visa reduzir a incidência e a mortalidade pela doença. Sua abordagem possui um olhar para prevenção, incluindo campanhas de conscientização sobre tabagismo, promoção de hábitos saudáveis e vacinação, como a do HPV. Para além da conscientização, a Política atua no fortalecimento ao acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. Isso envolve a capacitação dos profissionais de saúde, os investimentos em pesquisa e o desenvolvimento de centros de referência em oncologia, respondendo, assim, aos desafios da saúde pública no país.

Como parte integrante da indústria farmacêutica, reafirmo nosso compromisso em participar ativamente das discussões que envolvem não apenas o acesso a medicamentos, mas também todas as frentes que compõem o nosso sistema de saúde. Seguiremos firmes no propósito de buscar soluções cada vez mais eficazes que assegurem que os tratamentos cheguem até os pacientes, e que o sistema dê saúde a ele. Para isso, contamos com uma ampla gama de especialistas em saúde, um robusto conjunto de dados e, acima de tudo, o desejo de oferecer o melhor serviço à população. Sou otimista em relação aos avanços que temos conseguido e seguramente, juntos, podemos ir muito além.

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